Mulher perde a vida ao realizar endoscopia; exame tem riscos? Médico explica
Julho 20, 2022A Polícia Civil investiga a morte de Cleonice Ribeiro da Silva Soares, de 49 anos, durante um exame de endoscopia em uma clínica no Barreiro, em Belo Horizonte, nesta segunda-feira (18). A vítima apresentou um quadro de esforço respiratório após ser sedada na hora do exame e evoluiu para uma parada cardíaca.
A filha da paciente disse à Polícia Militar (PM) que a mãe usava um cardiodesfibrilador, dispositivo cardíaco, desde 2019 e que acreditava que ela tivesse comunicado isso à equipe médica. Já o médico e a enfermeira responsáveis pelo procedimento alegaram que não foram informados sobre o uso do aparelho.
Segundo a filha, Cleonice usava desde 2019 um cardiodesfibrilador, que é semelhante a um marcapasso. Ela acredita que a mãe tenha informado isso à equipe responsável, mas médico e enfermeira que fizeram o exame afirmam que não foram comunicados sobre o uso do aparelho.
A endoscopia é um exame interno, que pode ser realizado com ou sem sedação, que avalia a mucosa do aparelho digestivo e pode detectar lesões nos órgãos, é o que explica Mauro Jacome, médico especialista em endoscopia, cirurgia e gastroenterologia e diretor da Cronos Endoscopia.
“Com esse exame podemos tratar precocemente doenças do trato digestivo, e algumas lesões menores podem, inclusive, ser retiradas pelo médico impedindo sua evolução para doenças mais sérias”, afirma Jacome.
De acordo com Mauro, a endoscopia é uma especialidade médica e pode ser feita em todas as idades, e o recomendado é que seja sempre realizado por médicos especialistas no exame. “Mesmo crianças pequenas ou idosos podem realizá-lo. O importante é que uma avaliação prévia do paciente identifique o ambiente e as condições ideais para atender o paciente e realizar o procedimento proposto”, declara.
Contraindicações e riscos
A endoscopia é contraindicada em situações em que o risco para o paciente realizar o procedimento é maior do que o benefício. “Em geral, isso ocorre quando o exame não tem urgência em ser feito e o paciente se encontra em estado grave por outra condição. Por isso, a avaliação prévia do risco anestésico ou cardíaco em pacientes idosos ou cardiopatas é válida”, afirma o especialista.
Jacome deixa claro que os maiores riscos ocorrem quando o paciente possui doenças cardíacas graves, como arritmias, ou pulmonares, como asma grave, ou, ainda, quando vai ser realizado algum procedimento terapêutico na endoscopia. “Os riscos são insuficiência respiratória, arritmia, flebite e perfurações dos órgãos digestivos”, esclarece.
Apesar de pouco frequentes, explica o médico, esses riscos devem ser informados previamente ao paciente, que deve dar consentimento para a realização do exame.
“Essas condições de risco podem raramente levar a óbito durante o exame, pois são complicações graves. O importante é que os riscos não sejam negligenciados e menosprezados e que a estrutura para atender o paciente esteja bem preparada para quaisquer intercorrências”, finaliza o diretor da Cronos Endoscopia.
via em.com.br