Afeganistão. Talibãs  afirmam que não será negado o acesso à escola às mulheres e meninas

Afeganistão. Talibãs afirmam que não será negado o acesso à escola às mulheres e meninas

Agosto 17, 2021 Não Por love amem

Os talibãs, que instauraram o Emirado Islâmico depois da reconquista de Cabul, declararam uma “amnistia” em todo o Afeganistão e urgiram as mulheres a fazerem parte do Governo. Apesar das promessas dos talibãs de maior moderação, o povo afegão permanece cético e teme um retrocesso na sociedade, principalmente as mulheres.

Enamullah Samangani, membro da Comissão Cultural do Emirado Islâmico, fez os primeiros comentários sobre a governança do Afeganistão após a reconquista do país por parte do grupo extremista islâmico.Num discurso transmitido pela televisão do antigo Estado afegão, controlada desde domingo pelos talibãs, Samangani afirmou que “o Emirado Islâmico não quer que as mulheres sejam vítimas”, defendendo que “elas devem estar na estrutura do Governo de acordo com a lei sharia”.

O responsável do Emirado Islâmico acrescentou que “a estrutura do Governo não está totalmente definida”, mas afirma que “com base na experiência, deve haver uma liderança totalmente islâmica e todas as partes devem juntar-se”.

De acordo com a Associated Press, que cita a declaração transmitida pela televisão, Samangani não avançou com mais detalhes, mas sugeriu que o povo afegão já conhece as regras da lei islâmica que os talibãs esperam que sigam. “O nosso povo é muçulmano e não estamos aqui para os forçar ao Islão”, acrescentou.

Por outro lado, os insurgentes declararam que “uma amnistia geral foi declarada para todos (…) e que, por isso, todos devem regressar à normalidade, em confiança”.
Afegãos temem regresso ao extremismo
Apesar das promessas dos talibãs de maior moderação, o povo afegão permanece cético e teme um retrocesso na sociedade, principalmente as mulheres, que durante 20 anos lutaram pela sua independência.

Entre 1996 e 2001, sob a governação dos talibãs – que têm uma interpretação extremista da lei islâmica –, as mulheres estavam em grande parte confinadas às suas casas, sem direito à educação. Eram obrigadas a usar burca e impedidas de sair à rua sem um homem a acompanhar.

Agora, os talibãs afirmam que não será negado o acesso à escola às mulheres e meninas, mas a vida das mulheres afegãs já mudou com a chegada dos extremistas ao poder. Os centros de estética foram encerrados em Cabul e os cartazes com mulheres foram retirados das ruas. Uma imagem de um homem a cobrir cartazes de mulheres nas montras das lojas com tinta está a tornar-se viral nas redes sociais.

Os talibãs também anunciaram que não se iriam “vingar” daqueles que trabalharam para o Governo ou para os serviços de segurança, mas as suas ações transmitem uma mensagem oposta. No mês passado, depois de terem conquistado a cidade de Malistan, na província de Ghazni, membros do grupo extremista foram de porta em porta em busca de pessoas que tinham trabalhado para o Governo, tendo matado pelo menos 27 civis.
“Calma regressou” ao aeroporto de Cabul

De acordo com os relatos das agências internacionais, “a calma regressou” ao aeroporto internacional de Cabul depois de um dia caótico marcado pela invasão de centenas de pessoas à pista do aeroporto, numa tentativa desesperada de fuga a bordo dos aviões dos Estados Unidos.

Alguns vídeos mostram mesmo pessoas a apoiarem-se nas laterais do avião, havendo relatos de vítimas que caíram do avião quando este já tinha descolado.
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