No Encontro com Fátima Bernardes , Pâmella Holanda conta tudo sobre as agressões que sofreu do ex-marido, o DJ Ivis
Julho 14, 2021Os vídeos da agressão do DJ Ivis à ex-mulher, a arquiteta Pâmella Holanda, repercutiram em todo o Brasil. No último domingo, 11/7, Pâmella decidiu tornar pública algumas das agressões que vinha sofrendo há meses, denunciou o ex-marido, e pôs luz sobre o tema violência contra a mulher, crime que vem crescendo no Brasil. Nesta terça-feira, ela esteve no Encontro e encorajou as mulheres que vivem num relacionamento abusivo a denunciarem.
“Não queria ser exemplo, estatística, jamais imaginei isso para a minha vida. Espero que as autoridades deem atenção a todos os casos e não só ao meu por envolver uma pessoa conhecida. A violência não deve ser rotina dentro de casa, por isso encorajo as mulheres a denunciarem”.
“Não há justificativa para uma agressão, o ato de bater é uma ação, é o propósito de quem age assim”, completou Pâmella, que começou a ser agredida quando estava grávida da filha do casal, Mel, e tentava justificar que Ivis fazia isso por conta do temperamento autoritário, mas as agressões se repetiram.
As câmeras de segurança não foram instaladas na casa do ex-casal para filmar as agressões. Segundo Pâmella, ela teve um problema de saúde logo após o nascimento de Mel e precisou ficar internada. As câmeras eram para a arquiteta poder ver a pequena Mel e acabaram revelando o pior.
Ao rever os vídeos, um deles na presença da filha e da mãe, Pâmella diz que o sentimento é de que não se trata dela – “Parece que não é a minha vida” – e reflete sobre quando decidiu tomar a decisão e levar o caso à Justiça:
“Por ele ser uma pessoa conhecida, tinha medo que fosse desacreditada. Vivemos em uma sociedade machista, onde a mulher quase nunca tem voz, mas decidi provar o que ele fazia contra mim.”
Na cena em que está no sofá, na companhia da filha e da mãe, e recebe puxões de cabelo e tapas do ex-marido, Pâmella contou que a atitude foi motivada por ela ter contrariado o DJ. Ela estava com Covid e tinha recebido o aval do médico para amamentar a menina, no entanto, Ivis não aceitou e foi tomado pela fúria.
“Ele não suportava ser contrariado e eu nunca tinha falado com a minha mãe sobre as agressões, ela descobriu presenciando. Fui orientada por pessoas até do convívio dele a denunciar. Eu tinha e tenho medo dele até hoje“, revelou ela, que citou um outro ponto importante que a fez demorar a dar um basta: a dependência financeira.
“Já tinha pensado em me separar, era um relacionamento tóxico, mas no fundo queria manter a família e ainda dependia financeiramente dele. Não era mais amor que fazia com que estivéssemos juntos. E ele fazia tudo de propósito, não adiantava nenhum esforço meu para que ele agisse diferente“, contou Pâmella, que nunca recebeu nenhum pedido de desculpas do ex-marido: “Ele não demonstrava nenhum arrependimento.”
Sobre os vídeos de Ivis dando a sua versão sobre os fatos, Pâmella prefere o silêncio.
“Não tenho que replicar o que ele fala. O que ele quer é que as pessoas desacreditem de mim. São falas típicas e não tenho que comentar. Ele quer justificar o injustificável.”
De acordo com a delegada Fernanda Fernandes, Pâmella agiu corretamente ao denunciar e recomenda as mulheres que estejam passando por situações semelhantes que recolham provas.
“O primeiro sinal de um ciclo de violência começa com agressões psicológicas e morais. Se você não tem câmeras, recolha prints de aplicativos de conversas e acione testemunhas”, ensinou a delegada.
As denúncias podem ser feitas pela vítima ou por terceiros de forma anônima pelos números 100 ou 180. A luta é das mulheres, mas a causa é de todos.
