“depressão sorridente”: entenda porque a doença é perigosa.
Junho 21, 2021Chamada clinicamente de depressão atípica, ela é difícil de identificar exactamente porque os sintomas estão frequentemente mascarados por falsas demonstrações de felicidade.
Costumamos pensar que um sorriso é indicativo de felicidade, certo?
Há pessoas, entretanto, que são capazes de sorrir, viver momentos alegres e, ainda assim, nutrir sentimentos suicidas.
São aquelas afetadas pelo que se conhece popularmente como “depressão sorridente” – o termo clínico, na verdade, é depressão atípica, como explica Olivia Remes, especialista em ansiedade e depressão da Universidade de Cambridge em um artigo no portal “The Conversation”.
Remes explica que é difícil identificar aqueles que sofrem da doença exactamente porque os sintomas são frequentemente mascarados por falsas demonstrações de felicidade e porque, muitas vezes, são pessoas sem motivo aparente para estarem deprimidas: têm um trabalho, uma casa, amigos e até cônjuge e filhos.
Alguns dos sintomas, contudo, podem nos ajudar a detectar quando alguém – ou nós mesmos – está deprimido, ainda que dê mostras pontuais de felicidade.
Sintomas
- Eles variam de uma pessoa para outra, mas alguns são chave:
- Uma melhora temporária do estado de ânimo – provocada, por exemplo, pela chegada de boas notícias, da mensagem de um amigo ou elogio do chefe – seguida de uma recaída;
- Aumento do apetite e ganho de peso;
- Dormir por longas horas e, ainda assim, sentir sono durante o dia (enquanto outros tipos de depressão fazem as pessoas dormirem menos);
- Sensação de torpor e peso nos braços e nas pernas em vários momentos durante o dia;
- Maior sensibilidade a críticas e rejeição, que pode afetar as relações pessoas e de trabalho.
Mais perigosa
A dificuldade de se perceber que uma pessoa que aparentemente se encontra bem está com depressão faz desta modalidade da doença mais perigosa que as outras, ressalta Remes em seu artigo.
Mas há outros fatores que agravam esses casos, ela acrescenta.
De um lado, aquele que sofre da doença atípica demora mais a procurar tratamento por não conseguir identificá-la.
De outro, essas mesmas pessoas costumam ter dificuldade para reconhecer emoções. Assim, trabalhar a partir de um ponto de vista psicológico com elas é mais difícil.
Além disso, a capacidade daqueles que sofrem deste tipo de depressão de continuar realizando suas atividades pode ser contraproducente. Remes é clara nesse sentido em seu artigo.
“A força que elas têm para seguir com a vida diária pode deixá-las especialmente vulneráveis a levar a cabo pensamentos suicidas. Isso contrasta com outras formas de depressão, nas quais as pessoas podem ter pensamentos suicidas, mas não energia suficiente para levá-los adiante.”
O tratamento geralmente envolve a prescrição de medicamentos, psicoterapia e mudanças no estilo de vida.
Remes acrescenta, ainda, a realização regular de exercícios físicos e a prática da meditação, que, segundo ela, têm trazido bons resultados na prática clínica.