Você já rotulou alguém?
Junho 21, 2017Impressionante mas nem a modernidade e evolução que a raça humana sofreu, impediram que pessoas ainda continuassem julgando as outras sem conhecê-las. Falo do velho e conhecido “rótulo”, aquela imagem pré-concebida que fazemos de determinada situação, ou do comportamento de determinada pessoa. Começando de forma bem “light” podemos citar o exemplo da pessoa que não se abre com ninguém, logo é rotulada como antipática ou como introvertida. Agora se ela conversa com todo mundo, logo ganha o rótulo de fofoqueira ou de carente. Tudo acaba dependendo do contexto e da forma como a pessoa se coloca. Mas existe casos em que a própria pessoa se rotula, os adolescentes são um exemplo disto, porém a adolescência é a fase de experimentar coisas novas, mas não para nos deixarmos dominar pelo medo, porque ninguém pode viver sua vida por você, nem, seus pais. Como ninguém poderá fazer o tempo que passou voltar atrás, como tentativa de recuperar as coisas perdidas. Agora para desenvolvermos uma linha de raciocínio vou contar uma breve história: “Um homem cortava árvores com um machado e vendia a lenha. Gostava muito da sua ferramenta. Um dia o seu machado preferido desapareceu. O homem procurou-o, mas foi inútil; não conseguia mais encontrá-lo. Convenceu-se que alguém o tinha roubado. Por causa disso, começou a espiar o filho do vizinho. Fazia muito tempo que não gostava do jeito dele. Agora que o observava bem, não tinha mais dúvidas: o andar dele era de ladrão, a cara e o olhar dele, também. Até os cabelos compridos eram de ladrão. Só podia ser ele quem tinha pego o machado. Precisava desmascarar o criminoso. Após alguns dias, porém, varrendo a casa, a mulher encontrou o machado sumido. Estava debaixo do sofá, onde o próprio marido o tinha jogado voltando do trabalho. O homem ficou feliz e reparando novamente o filho do vizinho decidiu que, talvez, o andar dele não fosse de ladrão, nem a cara, nem o olhar e nem os cabelos. Contudo, melhor desconfiar, nunca se sabe”. Essa pequena história nos lembra como é fácil rotular as pessoas. O fazemos seguindo os nossos gostos, as nossas idéias e, na maioria das vezes, os nossos pré-conceitos. Depois é difícil desfazer os rótulos; quando o percebemos eles já estão bem colados nas pessoas e essas os carregam a vida inteira. É difícil aceitar e acolher os outros como eles são, sem querer julgá-los ou classificá-los, conforme os nossos esquemas mentais. Mais difícil ainda é nos alegrarmos com a melhoria deles.Aconteceu também com Jesus, voltando para a sua cidade natal, Nazaré. O rótulo dele era aquele de ser o filho do carpinteiro, de ser pobre, do interior, do norte. Era verdade que agora ele revelava uma nova sabedoria, tinha gestos diferentes, e alguns diziam que fazia milagres. Contudo, para o povo de lá, continuava sendo o mesmo de alguns anos antes. Não queriam admitir que tivesse mudado.Por que é tão difícil reconhecer que as pessoas podem mudar, inclusive para melhor? De onde nos vem tanta desconfiança? A resposta é simples: – Primeiro porque se admitirmos a mudança do outro, que agora se apresenta diferente de como o tínhamos rotulado, deveríamos reconhecer que erramos. Fica mais cômodo continuar a pensar que nós estamos certos e que só mudaram as aparências dele, a substância, porém, ainda é a mesma. Tudo disfarce. Porque nós nunca erramos. – A segunda razão é pior do que a primeira. Excluir que as pessoas possam mudar nos permite também continuar a sermos o que somos; na maioria das vezes, acomodados em nossa mediocridade, ou em nossa ilusória superioridade. Reconhecer que seja possível mudar significaria admitir que nós também poderíamos ou deveríamos mudar. Isso nos incomoda e nos deixa inseguros. Muito melhor manter as nossas idéias, os nossos rótulos, porque isso nos faz sentir bem, na nossa segura e cômoda desculpa que sempre defendemos: mudar é impossível. Este tema foi sugerido por duas grandes personalidades de nossa cidade, as quais vou preservar a identidade, mas agradeço de coração.
Texto publicado no Jornal O Sentinela
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